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Eu me lembro de uma ocasião em que eu pude dar sequência a esse diálogo. Eu estava debruçado sobre o texto da tentação de Jesus, em Lucas 4.1-13. E ali, ouvindo a voz de Deus, eu respondi ao Senhor:
"Senhor, Tu nos conduzes ao deserto. Há pessoas cheias do Espírito Santo passando pelo deserto: lugar de ausências, lugar de carências, lugar de silêncio, lugar de solidão, lugar de provação, lugar onde eu não encontro ninguém para me encorajar, ninguém para trazer-me palavras de refrigério, ninguém para me conduzir a Ti.
No deserto, estou sozinho. Há momentos em que eu não ouço nem mesmo a Tua voz. Não percebo nem mesmo a Tua presença. É tão difícil...Sou tentado. O meu inimigo me questiona. Ele lança dúvidas no meu coração; se eu estou no caminho certo.
No deserto, tudo fica tão difícil que eu sou tentado a questionar se Tu estás comigo e se eu estou contigo. Não há qualquer sinal da Tua presença. É difícil imaginar que o Teu Santo Espírito foi quem me conduziu ao deserto. Eu penso que o problema está em mim; que eu não tenho orado tempo suficiente; que eu não tenho lido a Bíblia como deveria; que eu tenho dado vazão à carnalidade. Eu penso que eu mesmo fui o responsável por me conduzir ao deserto. Não consigo sequer imaginar que o Teu Santo Espírito tenha feito isto...
Não é fácil ficar sem ouvir a Tua voz. Não é fácil ficar sem perceber a Tua presença ao meu lado. Não é fácil deixar de receber aquelas bençãos de que eu tanto preciso. Não é difícil ficar no deserto. E mais difícil é aceitar que Teu Espírito me tenha conduzido a esse lugar onde não há quaisquer sinais ou evidências da Tua graça; pelo contrário, só vejo provações, faltas, ausências, carências, necessidades e demônios tentando me fazer cair.
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Mas, por outro lado, eu vejo que Jesus, cheio do Espírito Santo, foi conduzido pelo Espírito ao deserto. É difício aceitar que o Espírito Santo, estando eu vivendo em santidade, me tenha levado ao deserto. Contudo, eu vejo que isso acontece. Jesus não foi levado ao deserto por causa de pecado ou desobediência. Ele foi levado ao deserto quando estava cheio do Espírito Santo.
Ajuda-me Senhor! Não é fácil ficar sem perceber a Tua presença. Não é fácil suportar tentações. Já não percebo a Tua presença e ainda enfrento tentações...
Oh, Deus! O inimigo quer me fazer cair. Ele quer me afastar de Ti. E Tu, oh Deus, além de me levares ao deserto, permaneces em silêncio? Tu me colocas no lugar onde as tentações vêm e não fazes nada? Tu permaneces imóvel? Eu não ouço aplausos, nem palavras de honra, nem encorajamentos e nem progresso... Pelo contrário, eu ouço críticas, cobranças, desencorajamento, pressões e comparações. E Tu oh Senhor, permaneces imóvel.
Penso que o problema está em mim. Sou tentado a fazer alguma coisa: transformar pedras em pães ou saltar do pináculo do Templo. Sou tentado a fazer algo para chamar a atenção das pessoas e mostrar para elas que eu sou alguém bem sucedido e muito poderoso. Sou tentado a ceder às tentações (e pensar que o Teu Espírito me levou ao deserto para ser tentado em todas essas coisas. E Tu me deixaste ali, sozinho, sem ninguém, cheio de limitações, cheio de carências)...
É difícil, Senhor, não ter as glórias, não ter as honras, não ter os aplausos, não ter os holofotes, não ter os agradecimentos. É difícil deixar o lugar de festa, de multidões, de glórias para ir ao deserto, lugar de ausências e de solidão.
Mas é alí, no lugar de solidão, do deserto, que eu consigo aprender o valor real de todas as coisas. É no deserto que eu consigo colocar as coisas nos seus devidos lugares; e, saber que mais importante que as glórias humanas, os elogios e as multidões é a minha fidelidade ao Senhor e a certeza do Teu amor para comigo.
Por que não ceder às tentações?
Porque eu sei que Tu me amas. Tu és Deus e toda a glória é devida a Ti somente. Teu Espírito me levou ao deserto para eu aprender que somente Tu e a Tua Palavra são realmente importantes. Eu não devo abrir mão do meu relacionamento contigo e das minhas convicções em Ti".
Texto extraído do Livro Coram DEO - Vivendo perante a face de Deus Pastor Gustavo Bessa
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