terça-feira, 19 de maio de 2009

As raizes do cristão...Parte 2



ONDE ESTAMOS PLANTADOS?
A vida, o crescimento e a utilidade de uma árvore dependerão diretamente do solo onde está plantada. Se estiver em local inadequado, como um pântano ou entre as pedras, poderá definhar e morrer. O Salmo 92 diz que o justo deve estar plantado “na casa do Senhor”, “nos átrios do nosso Deus”.
A natureza da árvore, por si só, não garante sua sobrevivência e produtividade. O ambiente também é importante, na medida em que oferece um conjunto de fatores favoráveis ao pleno desenvolvimento da planta. Da mesma forma, o cristão precisa estar plantado no lugar certo. Ele não pode pensar que irá crescer e frutificar em uma seita herege, ou em local onde se veja vinculado à prática pecaminosa.
Se, porém, sabemos que estamos plantados num bom terreno, precisamos permanecer nele. Pode ser necessário mudar uma planta de lugar, mas isso não pode se tornar rotina, pois impedirá o crescimento da mesma. O transplante contínuo impede o lançamento de raízes. É o caso de quem vive mudando de igreja ou de denominação. Mudanças podem ser necessárias e importantes, mas não devem se tornar costume ou modo de vida (Heb.10.25).


DEMONSTRAMOS FIRMEZA OU INSTABILIDADE?


O cristão não pode ser nômade, mutante ou uma “metamorfose ambulante”. As árvores, normalmente, permanecem onde estão. Nossos deslocamentos, se necessários, devem ser feitos com cuidado e oração. O ímpio pode ser “como a palha que o vento dispersa” (Salmo 1), mas o justo é estável.
Muitas pessoas apresentam uma preocupante instabilidade em suas vidas. Não se firmam no emprego, na igreja, na profissão, na escola, no casamento, etc. Esse modo de vida parece favorável aos propósitos do inimigo. Imagino que ele fica muito satisfeito quando alguém chega a uma etapa avançada da vida e não tem emprego, nem profissão definida, nem estudos, nem recursos materiais, nem família, nem igreja. É o caso de quem nunca criou raízes. Uma pessoa assim pode até defender o valor de sua liberdade e independência. Contudo, será solitária, frustrada e fracassada.
Muitas mudanças podem ocorrer em nossas vidas, mas uma hora, e que não seja muito tarde, precisaremos parar, crescer e frutificar.
A instabilidade pode ocorrer por falta de paciência. Alguns querem que o fruto apareça instantaneamente. Não é assim. Conseguem um emprego e já querem promoção imediata. Se isso não acontece, já se mostram desanimados e querem ir embora. O mesmo acontece com aqueles que se convertem e querem que Deus faça tudo em suas vidas em pouco tempo. Não é assim. Se estamos plantados num bom lugar, precisamos ficar firmes, esperando a estação dos frutos. “Portanto, irmãos, sede pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes; fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima. Não vos queixeis, irmãos, uns dos outros, para que não sejais julgados. Eis que o juiz está à porta. Irmãos, tomai como exemplo de sofrimento e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor. Eis que chamamos bem-aventurados os que suportaram aflições. Ouvistes da paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu, porque o Senhor é cheio de misericórdia e compaixão” Tg.5.7-11.



QUAIS SÃO NOSSAS RAÍZES?


Assim como as árvores, o cristão precisa ter raízes fortes e profundas. Raízes são vínculos, tudo aquilo que nos prende a alguém, a um lugar, etc. Precisamos ter vínculos. Devem existir pessoas que contam conosco e com as quais possamos contar também. Ninguém deve estar solto por aí.
Muitos parecem ter aversão a vínculos. Não querem se envolver. Talvez, por causa de experiências negativas no passado, tornam-se fugitivos, evitando compromissos, relacionamentos sérios e responsabilidades.
Isto pode ser visto nas relações pessoais e também na igreja. Algumas pessoas evitam o batismo e a membresia. São eternos visitantes. Não se envolvem, não participam ativamente em sua comunidade.
Precisamos ter raízes na igreja (Ef.3.17-18; Heb.10.25). A fé e o amor são vínculos que nos unem a Cristo e aos irmãos, mas isso não acontece automaticamente. Precisamos aprofundá-los mediante a ação da nossa vontade, com determinação e compromisso, que se manifestam em forma de participação e trabalho, com perseverança obstinada.
Tendo encontrado uma congregação de irmãos, cada cristão, sob a direção do Senhor, deve ficar ali e criar vínculos. Assim, estará plantado e poderá crescer e frutificar. Pode ser necessário mudar de congregação, mas isso não deve ser freqüente. A igreja local é nossa família. Trocar de família não é algo que se possa considerar normal, embora possa ser necessário por algum motivo raro e especial.
Precisamos ter raízes em Cristo (Cl.2.6-7; Is.53.2; Ap.5.5). Estaremos agarrados nele como uma árvore está agarrada ao chão. Não vamos cair por causa de um escândalo. Não vamos abandonar o Senhor.
Precisamos ter raízes na palavra de Deus (Cl.1.23). Devemos conhecê-la e ser apegados a ela.
Precisamos ter raízes nos compromissos e propósitos estabelecidos. Não seremos levianos. Leviano significa “leve”, ou seja, sem peso, podendo ser levado por qualquer vento. É o tipo de pessoa que não se firma em coisa alguma. Não cumpre os compromisso, não realiza o que foi prometido, nem termina o que foi iniciado.
Como se faz para que uma árvore lance raízes? Não temos como obrigá-la a fazer isso, mas ela o faz por força de sua própria natureza. Podemos, porém, contribuir discretamente. Basta que a deixemos permanecer em um lugar adequado e a cultivemos, dando-lhe água, adubo e livrando-a das pragas. São cuidados iniciais importantes. Tal é o trabalho do líder que cuida dos filhos de Deus na igreja. Além disso, cada cristão é responsável por si mesmo, no sentido de se deixar cuidar e também cuidar-se, buscando o conhecimento bíblico e experiências profundas com Deus.



AS ÁRVORES MORTAS
A igreja primitiva teve problemas com pessoas sem raízes. Eram falsos cristãos, ou mesmo falsos mestres, que queriam benefícios sem compromisso (Jd.4,12,13; IIPd.2.1,13-17). Eram como estrelas errantes, sem rumo, sem referência, sem vínculos. Precisamos tomar cuidado com quem aparece de repente, apresentando-se como cristão, sem ligação com nenhuma congregação específica. Esse tipo de pessoa, normalmente, cria problemas por onde anda, pois está apenas em busca da satisfação de seus próprios interesses. Não está ligado à igreja nem ao Senhor Jesus. Árvore sem raiz não produz coisa alguma. Torna-se infrutífera e inútil. Este é o desejo do inimigo, mas o propósito do Senhor é que estejamos arraigados nele, firmes, inabaláveis, e sempre frutíferos para a sua glória.



Texto transcrito - Autor: Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.

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